A novela “Dieselgate” acaba de ganhar mais um capítulo, e esse parece que não vai acabar tão cedo. Mesmo após prometer o pagamento da multa cobrada nos Estados Unidos, e do IBAMA sustentar a cobrança de R$ 50 milhões aqui no Brasil, a Volkswagen tem novos problemas pela frente. Como suspeitado por todos e confirmado recentemente pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), os motores das unidades 2014 e 2015 da picape também possuem o software enganador.

A multa do IBAMA foi construída com base em 17.057 picapes afetadas - todas de 2011 e 2012. Porém, como relatado anteriormente por nós, a VW do Brasil comercializou 96.901 unidades da Amarok entre 2010 e 2016, todas utilizando o motor 2.0 TDI, da família EA189. Agora, após constatação do CETESB, os modelos 2014 e 2015 também entraram para a lista, o que resulta em mais 30.101 unidades ao total, fechando a conta em 47.158 veículos afetados. Apesar de ser metade das 96.901 produzidas, a adição dá mais esperança de que - eventualmente - todos os modelos fraudulentos serão identificadas.

O problema reside mais na legislação brasileira. Segundo uma lei criada em 1998, o valor máximo a ser pago em multas para crimes ambientais é de R$ 50 milhões. O IBAMA, por sua vez, queria cobrar R$ 238 milhões - o que ajudaria o órgão a adquirir equipamentos mais precisos e promover uma fiscalização efetiva a respeito de casos como o da Volkswagen.

Porém, mesmo que a multa à VW fique restrita aos valor previsto em lei (ainda cabe recurso à decisão administrativa), o IBAMA pode pedir o recall de todas as unidades da Amarok vendidas no país até hoje - o que dá mais do que as 96.901 vendidas até o final de 2016.

Na Europa, onde algumas unidades da Amarok já foram submetidas ao recall, vários proprietários estão reclamando da inviabilidade do uso do carro. As reclamações incluem perda de potência, aumento de consumo, problemas na transmissão, falhas na válvula EGR e outras queixas.