Por Vitor Tavares | Fotos: Divulgação
Desde que assumiu a liderança mundial da igreja católica, o Papa Francisco, que foi eleito no conclave que terminou em 13 de março deste ano, vem dissipando sua humildade nas visitas que faz às diversas regiões do globo. No Brasil, terra acolhedora e de gente calorosa, o comportamento da santidade não poderia ser diferente. O pontífice escolheu veículos consideravelmente populares para locomover-se em alguns trechos do Rio de Janeiro. A FIAT, montadora de origem italiana, colocou à disposição da comitiva papal toda a linha de modelos da marca, mas o monovolume Idea foi escolhido por ser prático (é alto e facilita a entrada e saída) e não ostensivo, como queria o papa, que também recusou a blindagem. Além da minivan, a FIAT oferece também ao papa dois modelos Bravo. Assim, estão à disposição da comitiva dois modelos Idea e dois Bravo, que custam entre R$ 54 mil e R$ 67 mil e podem ser encontrados em qualquer loja da FIAT.
A FIAT, o Marketing e as conspirações
Líder há 11 anos no mercado automotivo como a marca que mais vende modelos no Brasil, a FIAT vem desenvolvendo ações de marketing capazes de deixar qualquer outra montadora morrendo de inveja. Recentemente, a marca recrutou o "Porta dos Fundos" para uma campanha que tinha como objetivo celebrar a supremacia da marca no mercado nacional. Criada pela agência Sunset, a campanha serviu como guia para os roteiristas do coletivo Porta dos Fundos, que entregaram o que sabem fazer de melhor: muito humor. “O target da campanha era o público jovem e, para atingi-lo, precisaríamos desenvolver um conteúdo realmente desejado pelo jovem. É daí que vem a parceria com o maior fenômeno da internet no Brasil”, conclui Guto Cappio, presidente da agência.
Quase que simultaneamente, a FIAT desenvolveu a campanha “Vem pra rua”, criada para pegar o embalo da copa das confederações. Com uma trilha sonora composta por Falcão do grupo ‘O Rappa’, a campanha visava convocar o brasileiro a torcer pela Seleção durante a Copa das Confederações. O refrão da música diz: “porque a rua é a maior arquibancada do Brasil”.
O vídeo, veiculado nas emissoras de televisão e também no Youtube, juntava o futebol e o automóvel, duas paixões nacionais, segundo a empresa. Porém, a canção que embalava a produção acabou virando o hino dos movimentos populares desencadeados no Brasil nos últimos meses. A FIAT até cogitou trocar o slogan da campanha, mas no dia 17 de junho, em um comunicado oficial, a marca anunciou que a campanha seria "encerrada nos próximos dias, conforme programação original".
Assista "Vem pra Rua":
O fato é que a palavra "FIAT" nunca esteve tanto na boca dos brasileiros. E as pessoas por trás do marketing dela perceberam que o momento atual estava mais do que propício para mais um "ataque". A vinda do Papa, curiosamente (ou não), caiu como uma luva para a FIAT. O momento não poderia ser mais oportuno, então: o acordo foi firmado, o papa chegou, desfilou de Idea, e bingo! A FIAT mais uma vez foi arremessada à mídia. O assunto virou até motivo de publicação nas redes sociais da empresa (confira imagem a seguir).
O papa Francisco enalteceu a sua imagem de humilde e a FIAT ganhou alguns pontinhos para com os consumidores. Para quem acha que a escolha (FIAT) foi natural e não envolve interesses, vamos a alguns fatos que podem mudar o seu pensamento:
No início do ano, o jornal inglês The Guardian voltou a tocar em um assunto considerado “tabu” dentro da Igreja Católica: o império secreto construído pelo Vaticano graças à sua relação com o ex-ditador italiano Frederico Mussolini.
Esse conglomerado inclui, por exemplo, a rede Bulgari, de joalheiros de luxo, o banco de investimentos Altium Capital e o Pall Mall. As empresas e propriedades do Vaticano seriam fruto de uma fortuna entregue por Mussolini em 1929, em troca do apoio papal ao regime fascista italiano, chamando o ditador de “homem de Deus” e posteriormente dando apoio similar a Hitler. O papa Pio XI recebeu em troca terras para a criação do Estado independente do Vaticano, além de ações de empresas do ramo automotivo... FIAT e Alfa Romeo.
Fonte: odiario.com - Estadão