João Pessoa l 18/03/2013 - POR Diego Germán de Paco l Fotos: Everton Ramon/Vitor Tavares
Ratan Tata, empresário do setor automotivo, pelos arredores do ano 2008 adquiriu a Jaguar com a promessa de reestruturar totalmente a empresa, oferecendo novos produtos e uma nova gestão financeira para reorganizar a imagem da marca que naquele então, sob a administração da Ford, não era das melhores. Uma breve história comum, não fosse a sua nacionalidade...
Muito se falou na imprensa internacional, de certo um tanto quanto xenofóbica, que jamais um indiano teria condições de comandar uma instituição de tamanha tradição e história. O que estava ruim, para alguns, estava prestes a piorar mais e mais.
Provavelmente, logo após a aquisição da Jaguar, Ratan deve ter sonhado que era o personagem Aladdin e, no momento do seu despertar, é possível que tenha decidido não esperar mil e uma noites para mostrar ao mundo seu potencial administrativo. A chave do sucesso que lhe salvaria de tamanha especulação estava em seu sonho: um tapete mágico.
Ian Callum, projetista com passagens pela Ford, Mazda, Volvo e responsável pelo DNA dos atuais Aston Martins, foi o responsável para tornar a fantasia oriental em realidade, e, sem perder a alta qualidade, projetou o sensacional Jaguar XJ. Tal qual um tapete persa, requisitou à sua equipe que usassem os melhores materiais no veículo, entre eles madeira de lei, camurça de carneiro, alumínio e couro em cada quadrante, quina ou aresta do seu interior, ao ponto de se tornar um desafio encontrar painéis plásticos (este que vos escreve, com muito empenho na busca, encontrou apenas dois pares!). Além de equipá-lo com duas massagistas eletrônicas (nas poltronas dianteiras) com a prontidão igual a de duas gueixas em tirar os estresses do dia a dia, faltava algo para a analogia ao tapete voador ser perfeita: uma suspensão a ar... O resultado é algo totalmente espetacular!
Qualidade e sobriedade típicas da realeza britânica convivem lado a lado com a ostentação tão apreciada pelos consumidores do oriente médio, Vide o revestimento em veludo violeta no interior do porta-luvas, as saídas de ar iluminadas por LEDs e o velocímetro totalmente digital - que mais lembra uma tela retina de um Ipad 2. Essa mescla de gostos teria tudo para ser de um resultado catastrófico, mas isso não acontece na Jaguar... Comparo o XJ ao Choro Número 10 do compositor Heitor Villa Lobos, onde apitos carnavalescos dividem espaço com harpas sinfônicas e contrações vocais sem fundamento algum se encontram com a melodia de violinos: o resultado final é totalmente surpreendente, sublime... Bravo!
O ronco do V8 com compressor é algo totalmente indescritível, uma sinfonia até para surdos: tímpanos (os instrumentos musicais) frenéticos anunciando do que a cavalaria da sua majestade é capaz, 510 deles para ser mais preciso, adestrados por um ágil câmbio sequencial de 6 marchas, levando o sedã de 0-100 km/h em 4,9 segundos ou, dependendo do tamanho do prado, à 250 quilômetros de velocidade máxima (limitado eletronicamente) com total silencio à bordo, conforto e sofisticação. É neste momento que se podem notar excessos da soberba britânica: não bastar ouvir a brilhante percussão da Orquestra Sinfônica de Londres sob o capô a cada toque no acelerador, a Jaguar equipou o XJ com uma sonorização da grife Bowers & Wilkins, empresa que possui em seu portfólio de clientes os melhores estúdios de gravação musical do mundo. Não à toa tanto prestígio, o modelo foi escolhido pela Rede Globo de Televisão como o carro da viúva rica Leonor Flores Galvão (Nicette Bruno), da novela Salve Jorge.
Como nem tudo são flores nesta vida mundana, é curioso notar que o espaço para cabeça no assento traseiro de um Fiat Palio seja mais generoso do que este que é projetado para ser um dos carros mais confortáveis do mundo. Mesmo com 512 centímetros de comprimento, convidados com mais de 1,80 m de altura devem ser evitados neste espaço.
Ao preço de R$ 1.058 por cavalo e levando-se em consideração que cada macho saudável de "Puro Sangue Inglês" custa em torno de R$ 4.000, é possível dizer que o Jaguar XJ é uma verdadeira pechincha! Trocadilhos a parte, comparando com seus concorrentes diretos como Maseratti Quattroporte, Audi A8 e Porsche Panamera Turbo, os R$ 545.000 cobrados pela Rota Premium, em João Pessoa, são mais do que justos.
Ao nosso parecer, o Jaguar XJ mostra ao mundo que a marca nunca esteve tão moderna, sem abrir mão da elegância e tradição típicas da empresa. God save the Queen! God bless Ratan Tata!