Por Diego Germán de Géa /// Fotos: Vitor Tavares
Todo grande lançamento merece uma grande (e digna) comemoração, principalmente se o anseio de uma empresa é impactar o mercado. Como a própria Toyota fez questão de deixar claro o lançamento do Etios em terras tupiniquins faz parte de um novo marco da publicidade automotiva nacional, respectivamente realizada por eventos em várias capitais do país. Bolaram até trilha sonora recrutando pomposamente alguns dos melhores artistas do nosso país (entre eles Tony Belotto, Samuel Rosa, Marcelo Bonfá e Pitty) para a campanha. Estivemos na sexta-feira, no evento realizado na capital paraibana, que contou com coquetel, queima de fogos, e lindas modelos para apresentar este lançamento que é considerado o "Messias" do segmento.
O Volkswagen Gol, líder há mais de 20 anos, teve algumas vezes sua supremacia ameaçada, principalmente por modelos da Fiat. Os alemães, porém demonstraram estar habituados a comer spaghetti à bolonhesa, mas provavelmente serão indigestos ao consumo de Sushi... E para mirar no modelo mais vendido do Brasil, a Toyota recrutou o Etios, um projeto para mercados emergentes que reúne como principais características robustez, espaço interno, segurança e bom custo-benefício. Receita já utilizada com sucesso pela Renault com o Logan e o Sandero. E é sobre estes quatro pilares que o produto deve ser analisado como potencial morador de uma garagem.
[caption id="attachment_9868" align="aligncenter" width="610" caption="Etios mostra as caras pela primeira vez ao público Paraibano"][/caption]
O Etios foi projetado para ser vendido em países que não apresentam as melhores condições de rodagem, principalmente em relação a qualidade do asfalto, que em algumas nações (o Brasil, inclusive) chega a ser deplorável. Partindo dessa necessidade os engenheiros japoneses desenvolveram um veículo extremamente resistente, no melhor, e no pior que isso pode representar, explico: O foco neste caso não é um acabamento primoroso, como tão apreciado por alguns consumidores, e sim a sua durabilidade. Num veículo emergente (entre eles Chevrolet Cobalt, Nissan Versa e March e o futuro Peugeot 301) a quantidade de peças que compõem o interior é reduzida, e o material mais rígido, o que evita em longo prazo rangido e estalos o que comumente é chamado de "carro frouxo". De grosso modo se o seu foco é um interior com materiais mais refinados, pode valer mais a pena pedir o orçamento de um Corolla...
Se a família cresceu, ou se os integrantes da mesma são "bons de garfo", por outro lado, este pode ser um dos melhores modelos do mercado brasileiro custando até R$45.000. Quatro adultos viajam com muito conforto, principalmente no que diz respeito ao espaço para pernas. Cabe aqui uma curiosidade: O aproveitamento de espaço para a cabeça, no hatch, é melhor do que no sedã - que possui uma queda mais acentuada do teto. Pessoas com mais de 1,80 m de altura, que por ventura venham a utilizar o veículo atrás durante longas viagens, estarão mais bem posicionadas no hatch. Ambos oferecem bom espaço para os ombros, e a espuma dos assentos macia, o que resulta em conforto no dia a dia. Ainda falando sobre espaço, o porta malas do Etios hatch é condizente com a média da categoria, e o do sedã supera com folga qualquer expectativa. Com capacidade de 562 litros, sem dúvidas é um dos maiores já avaliados pelo CarangosPB e, neste caso, de tão grande, a ausência de iluminação no seu interior chega a incomodar, pois à noite fica difícil impressionar aquele vizinho que comprou um Voyage ou um 207 Passion...
[caption id="attachment_9864" align="aligncenter" width="610" caption="Os instrumentos do compacto Etios estão localizados no centro do painel"][/caption]
Falando em interior, pudemos notar várias críticas entre os que conheceram o seu design no evento. De fato, é um painel diferente do que é convencional no mercado, com instrumentos na parte central e sem nenhum tipo de informação à frente do volante (pelo menos um pequeno visor digital para indicar apenas a velocidade, seria de bom agrado). Este que vos escreve achou a grafia, e a proposta interessante, principalmente para sair da mesmice que impera entre os concorrentes, e a estranheza inicial, é apenas questão de falta de costume.
Todos os comandos estão à mão. A empunhadura e os engates do câmbio são longos, porem precisos, e a embreagem extremamente macia, que aliado a uma suspensão que privilegia o conforto, torna a vida a bordo menos cansativa. O carro se comporta mais como uma delicada e agradável gueixa, do que um bruto e agressivo samurai.
Outro fator que merece destaque é a segurança que o Etios proporciona a seus ocupantes, algo nunca antes visto nessa faixa de preço. Outras empresas já empregaram a estratégia de incorporar Airbag à sua lista de itens de série com o intuito de impressionar o mercado, como a Toyota também fez neste carro desde a versão mais básica. Porém, cabe aqui um detalhe: Airbag em carro mal projetado estruturalmente é pura maquiagem barata, e não tem nenhuma funcionalidade prática senão o fato de ser um excelente enchimento de linguiça para as propagandas de jornal... Como no Brasil não existe obrigatoriedade na realização de crash tests, a grande maioria das montadoras termina utilizando aço de pouca densidade e resistência para economizar na produção, não demonstrando seriedade para com o consumidor brasileiro no intuito de aumentar as já absurdamente altas taxas de lucro.
A Toyota demonstrou seriedade e coerência, projetando a versão brasileira de modo a conseguir 4 estrelas (a nota máxima é 5, e a média do segmento é 2 estrelas) pelo padrão de qualidade Latin Ncap, iniciativa que reúne engenheiros e órgãos, com o propósito de regulamentar e normatizar a resistência de um veiculo em caso de acidente. Ou seja, os japoneses mostraram respeito não só ao bolso do consumidor, mas também com um item muito mais importante, que é a integridade física dos seus clientes.
Para oferecer por sinal um bom custo beneficio ao seu compacto, a Toyota foi além da concorrente Nissan, que importa do México o March e o Versa, e que atualmente está com sérios problemas em suprir a demanda. Construiu uma nova fábrica na cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, com capacidade de produção inicial de 70 mil veículos/ano, mas que pode chegar a 400 mil/ano dependendo do volume de vendas. Esta política também evidencia a cautela do gradativo crescimento em logística, pós vendas, e qualidade de produção que será bem controlada, bem como o anseio em se tornar um dos lideres do mercado. Os preços de tabela começam em R$29.990 na versão 1.3 16v que rende 90 cavalos, hatch, básica (sem ar condicionado, direção hidráulica, vidros ou travas elétricas) chegando a R$44.690 no modelo sedã completo, com aro 15 de liga leve e motor 1.5 16v de 96 cavalos. Sentimos falta da opção do câmbio automático, haja vista que grande parte dos seus concorrentes disponibiliza esta opção. Todos os modelos são equipados com caixa manual de 5 marchas.
Agradecemos a Luciano Carvalho, e a equipe Carvalho & Filhos pelo convite ao pioneiro evento desse tipo no nosso estado.