As montadoras de luxo têm ampliado seu portfólio no Brasil com a adição de modelos nunca antes vendidos no País. No entanto, muitos veículos ainda ficam de fora do mercado nacional. Carros emblemáticos como o Chevrolet Corvette e o Ford Mustang não chegam pelas mãos de suas marcas ao País e a única solução pode ser apelar para o serviço das chamadas importadoras independentes, conhecidas por realizar as vontades de brasileiros endinheirados e exigentes.
O médico sergipano Adelino Lopes Carvalho Neto, 68 anos, acabou de encomendar seu segundo modelo importado de forma independente. A primeira aquisição foi um Ford Mustang Premium, versão de entrada do modelo nos Estados Unidos, que chegou ao País em outubro passado. Agora, Carvalho está à espera de um Shelby GT 500, versão topo de linha do esportivo, com motor V8 5.4 l tem 671 cavalos de potência. "Meus filhos moram nos Estados Unidos e eu já tinha andado no carro lá. Fiquei apaixonado e resolvi comprar um", diz.
O processo de importação, segundo ele, aconteceu sem dores de cabeça. Carvalho escolheu o primeiro carro pelo site da montadora na internet e fez o pedido através de uma empresa especializada no serviço. "Um representante foi até à concessionária da marca nos Estados Unidos e deu entrada no pedido do carro. Enquanto isso, o cliente entregou a documentação necessária para se "tornar um importador" e pagou as taxas e impostos", explica Marcos Tavares, diretor da Connect Motors, empresa especializada em serviços de assessoria nos processos de compra, exportação e importação de veículos.
Quando o carro encomendado chegou à concessionária da marca, foi retirado pelo mesmo despachante que fez o pedido, e posto em um container, que chegou ao porto de Aracaju, em Sergipe. "Nosso trabalho é assessorar essa importação, que vai ser feita para pessoa física", reforça Tavares. Toda a operação durou cerca de 60 dias. "Recebi o carro em perfeito estado, exatamente do jeito que escolhi. A quantidade de imposto assusta, porque sai mais de 100% em cima do valor original do carro, mas ainda assim vale a pena", comenta Carvalho.
Por mês, a Connect chega a fazer três pedidos, e a maioria dos clientes vai atrás de veículos esportivos. "Acabamos de trazer uma McLaren MP4-12C para um cliente do Recife. Foi uma compra alta, de R$ 1,5 milhão. Existe um modelo desses à venda em São Paulo por R$ 2,2 milhões. Por isso ele resolveu importar", conta o executivo da empresa. Entre os pedidos mais comuns estão o Ford Mustang, o Chevrolet Camaro conversível, o Porsche Cayenne S e o BMW X6. "Modelos como o Cayenne S e o X6 são vendidos aqui, mas saem chegam com o custo menor e um preço bem mais competitivo quando importados. A economia pode ser de até 30%, dependendo do modelo", explica Carvalho, reforçando que todo o pagamento deve ser feito à vista, já que não existe meio de financiamento pela empresa. "Muitos dão o sinal de 10% do valor do carro e depois recorrem a um empréstimo pessoal para quitar a compra conosco", conclui.
Quais documentos necessários para se tornar importador?
CPF, RG, comprovante de residência e de renda.
Quais são os impostos pagos?
Imposto de Importação/IPI/ICMS/PIS-Cofins. Além destes incorrem taxas portuárias como capatazias/armazenagem/marinha mercante/honorários de despachante e também taxas de anuências junto aos orgãos públicos (Ibama/Denatran)
Como são pagos os impostos?
Os impostos são debitados diretamente na conta do importador (pessoa fisica) pela Receita Federal, no ato do desembaraço aduaneiro do veículo junto a alfândega.
Qual a comissão da empresa?
Em média, de 4% a 10% do valor total da operação.
Por KARINA CRAVEIRO
Direto de São Paulo
Fonte: Terra